Embora já tenham se passado quase quinhentos anos desde a primeira encenação deste auto de Gil Vicente, a obra continua capaz de representar os males da nossa sociedade. Certo, a peça se orienta por um forte moralismo católico, coisa já não tão atuante hoje como foi no passado. Mas ainda assim, podemos encontrar na nossa sociedade, infelizmente, elementos que foram exemplarmente caracterizados na peça. Não existem ainda sacerdotes imorais, como o frei Babriel? Não existe ainda a justiça corrupta, como se vê nas ações do Corregedor e do Procurador? Boa parte da elite atual não se preocupa apenas com as futilidades de sua vaidade, como fizera o fidalgo D. Anrique?
A atualidade das questões levantadas é indiscutível, e é isso que faz desse texto uma grande obra de arte, capaz de permanecer jovem, apesar de a sociedade ter se alterado tanto desde os tempos do dramaturgo português até os dias de hoje.
Há muitas relações possíveis deste texto com as outras obras da lista Fuvest/Unicamp.
- A estrutura de cenas independentes lembra a organização em capítulos mais ou menos independentes de Vidas Secas.
- O Judeu pede intervenção do meirinho para entrar na Barca. Na Barca do Inferno, pode? O Meirinho neste caso é, nada mais nada menos que o Fidalgo, o qual também é chamado de Corregedor. Meirinho aqui equivale a pessoa influente.
Não podemos esquecer que a profissão de meirinho aparece com frequência no livro Memórias de um Sargento de Milícias. Leonardo Pataca é um meirinho ilustre do Rio de Janeiro do tempo do rei. Neste caso, meirinho é Oficial de Justiça, encarregado de intimar pessoas a comparecer perante a Justiça, no alegre Rio de Janeiro daquele tempo.
Você relaciona as personagens da peça com outras referências da lista Fuvest/Unicamp?
Deixe a sua opinião!
Até mais!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirja ouvi dizer q os cruzados foram para o ceu pq mataram o mal q estava dentro dos coraçoes dos seus inimigos e por causa disso os cruzados nao sao considerados assassinos
ResponderExcluirisso eh verdade?
Não se pode considerar o caso do judeus como um caso particular e não como generalizador desta classe? Pois além de ser judeu ele demonstra carregar muitos pecados. Já que todos os outros representam são vícios não generalizadores, por que aquele tem que ser diferente?
ResponderExcluir