quarta-feira, 25 de março de 2009

Vinicius e o amor perene

Para Platão o que vale é o sentimento espiritualizado, o "amor de alma", que fica sempre o mesmo, ainda que os amantes sofram todos os tipos de alterações do mundo físico.
Vinícius de Moraes, naquele bem conhecido soneto que termina com "que não seja imortal, posto que é chama/mas que seja infinito enquanto dure", canta a intensidade do momento. Uma paixão violenta de alguns dias valeria mais que um amor morno de anos...
Mas o poeta sabe também ser bem clássico, a até platônico. Veja:


Soneto de aniversário
Passem-se as horas, dias, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos

Faça-se a carne mais envilecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.

Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.

E eu te direi: amiga minha, esquece...
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece

De que maneira o platonismo se manifesta aqui?


Um abraço!
Paulo

14 comentários:

  1. Paulo, por acaso, teria platonismo nessa parte : "Que vê envelhecer e não envelhece", levando como tese a doutrina da superioridade da sabedoria sobre o saber. Neste caso penso eu, que ele esta colocando em questão a "cultura" da "amiga", onde a pessoa envelhece, mas o conhecinento dela prevalece ante o passar dos anos, correto?

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  3. Acho que, como comentado acima, o trecho "Que vê envelhecer e não envelhece" mostra uma manifestação do platonismo, mas acho que mais em relação ao autor dizer que vê envelhecer a pessoa, vê o físico da pessoa envelhecer, com o passar dos anos, mas não vê as qualidades envelhecerem, não vê a essência da pessoa, presente em outro plano, segundo o platonismo, envelhecer. Não sei se está correta a minha interpretação, porque eu vejo a "amiga", do poema, como amada por quem o autor nutre um amor superior ao físico, tanto é que para o autor esse envelhecer não importa, já que ele preza as qualidades da amada.

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  4. também não sei se está correta, mas na minha interpretação vejo a referência do envelhecimento as pessoas ("Faça-se a carne mais envilecida"), e o que não envelhece seria o sentimento amoroso, que assiste a nossa passagem pela vida, mas permanece como espectador dos que o sente. O platonismo se manifesta ai: o amor é idealizado e tão bem estruturado que permanece intacto com o passar do tempo, enquanto nós, que vivemos do que nao é real, padecemos.

    Me corrija se estiver errada, professor! Parabens pela iniciativa!

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  5. Paulo..relacionando com a sua última aula sobre o mito da caverna..acho que é como você mesmo disse..o eu lírico neste poema,conseguiu parar de ver as sombras por um momento,e compreender o 'real'..o verdadeiro Amor,com A maiúsculo,assim como vc fez uma comparação com john lennon e a yoko..no ultimo verso "Que vê envelhecer e não envelhece" mostra a "pureza" do amor,nao como algo físico,superando isso..mto interessante como a resposta pode ser rica enveredando tanto para a relação com o amor platônico,quanto para o mito da caverna ! abraços paulo,excelente iniciativa..mto legal quando o professor transpoe a barreira da sala!

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  6. O amor platonico manifesta-se nos versos 'Que grande é este amor meu de criatura
    Que vê envelhecer e não envelhece'; pq o eu-lirico ve sua amada envelhecendo no mundo sensivel, porem seu amor por ela mantem-se constante, ideal...nao deixa de ama-la ou amar menos ou mais pq ela muda fisicamente, e psicologicamente(torna-se uma pessoa mais madura, menos sonhadora)... por isso seria o amor do mundo inteligivel. ahh parabens pelo blog! =)

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  10. --- Boa Noite Professor, estou aqui para dar os parabéns pelo conteúdo rico do blog, que esteja sempre atualizado e sendo visitado por todo o Brasil. Sou um aluno do cursinho tarde anglo, da sala 16 [turma b]. Fiz uma arte de topo e segue o link logo abaixo, caso você goste tenha total liberdade de colocar como topo de seu Blog Professor...
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    Orlando Fernando Marconi - ofm1990@gmail.com.br

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  11. Estaria o platonismo no trecho
    "Queira-se antes ventura que aventura", onde o autor da maior importancia a sorte, ao destino, do que a acao de fato, a aventura, o perigo em se arriscar.
    E no trecho
    "Que grande é este amor meu de criatura
    Que vê envelhecer e não envelhece", onde o amor ve o passar dos anos sobre si, mas nao sente o efeito de desgaste deles.
    ?

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  12. Num sei se era isso que você pensava Paulo, se tiver alguma outra sugestão pode me falar, pois estou treinando assim tbm.

    segue 3links:
    http://lh4.ggpht.com/_GdjVGrulJCM/SdvuYRo7-5I/AAAAAAAAAYg/jf26Z4YC97I/PEdra%20Palavra2.jpg

    http://lh3.ggpht.com/_GdjVGrulJCM/SdvuYSN-f7I/AAAAAAAAAYo/ruyK8O2mIwQ/PEdra%20Palavra3.jpg

    http://lh4.ggpht.com/_GdjVGrulJCM/SdvuYrP-vuI/AAAAAAAAAYw/Sx8hcxARBtU/PEdra%20Palavra.jpg

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  13. Paulinho!

    Eu gostaria de saber se a lista com os poemas do livro do Vinícius de Moraes está aqui?
    Você disse que iria passá-la para podermos ver os poemas que foram incluídos nesta nova edição!

    Obrigada!

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  14. Paulo, você poderia me enviar um e-mail para contato?

    fwn.fritz@gmail.com

    Obrigado!

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